A palestra será ministrada em português na Sala de Seminários do PPGS, localizada no 12º andar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH)
O Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da UFPE promove, na próxima terça-feira (19), às 10h, a palestra intitulada “Violência Urbana, Direitos Humanos e Juventude em Zonas Extrativistas no Pacífico colombiano”, a ser apresentada pelo professor Pieter de Vries, da Universidade de Wageningen, Países Baixos. A palestra será ministrada em português na Sala de Seminários do PPGS, localizada no 12º andar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), e contará com a participação do professor José Luiz Ratton como debatedor. Não é necessária inscrição prévia.
Pieter de Vries é doutor em Ciências da Agricultura e Meio Ambiente pela Universidade de Wageningen, onde é professor titular. Atua como representante internacional na Colômbia para a Universidade de Wageningen. Ocupa a posição de professor visitante modalidade short-lecturer vinculado ao PPGDH/UFPE. Realizou pesquisas na Costa Rica (sobre camponeses), no México (poder local), na Polinésia (consequências sócio-médicas dos testes nucleares), no Peru (comunidades camponesas) e em Recife (política urbana). No presente momento, pesquisa sobre os Direitos da Natureza no Pacífico Colombiano.
Resumo
O governo de Gustavo Petro na Colômbia anunciou em 2022 a política de Paz Total para negociar um acordo multilateral com todos os grupos armados, incluindo guerrilheiros, paramilitares e gangues de jovens. Um dos resultados é o programa Paz Urbana que inclui mesas de negociação com grupos criminosos e apoio a jovens em situação de vulnerabilidade (proteção de jovens em risco de recrutamento e reabilitação de membros de gangues juvenis). Quibdó, capital do departamento de El Chocó, no Pacífico colombiano, foi escolhida como a cidade piloto deste programa. El Chocó tem uma história de violência racial e extrativista desde os tempos coloniais. Hoje é um dos cenários mais violentos do país, onde paramilitares, guerrilheiros e gangues disputam o controle dos recursos naturais (mineração e extração ilegal de madeira, rotas de comercialização de substâncias ilícitas) e populações deslocadas (como fonte de extorsão e receptores de ajuda humanitária). O programa é questionado pelos cidadãos como um paliativo que não aborda as fontes do conflito (dependência de ajuda humanitária, empregabilidade mínima, falta de vontade dos jovens para o trabalho, anomia social), daí a denominação popular de “pagar para não matar”. Nesta palestra, apresentarei o contexto histórico e socioeconômico em que o programa está inserido, bem como o processo de implementação. Por fim, refletirei sobre as limitações desse tipo de intervenção em prol da paz em um contexto de extrema precariedade e enriquecimento de interesses extrativistas que só beneficiam interesses estrangeiros; o que chamo de lógica cultural do extrativismo que se reflete em uma narcocultura em que o valor da vida é momentâneo e o corpo um capital a ser explorado.