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Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica indicam melhorias na qualidade de vida
Os resultados indicam que a qualidade de vida foi avaliada como "excelente" em 32,0% dos casos
Por Fabson Gabriel
Muito se fala a respeito da cirurgia bariátrica, tanto positiva quanto negativamente. As abordagens, em geral, se atêm ao aspecto da perda ou não de peso e se o paciente consegue ou não manter-se no novo padrão de massa corporal. Com a pesquisa "Avaliação da qualidade de vida, perda de peso e comorbidades de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica", defendida no Programa de Pós-Graduação em Cirurgia da UFPE, Christiane Ramos Castanha aponta a relevância de se analisar o ganho de qualidade de vida numa perspectiva global e atesta que, em 94,1% dos casos observados pelo estudo, houve melhora considerável na vida dos pacientes.
Os resultados indicam que a qualidade de vida foi avaliada como "excelente" em 32,0% dos casos, "muito boa" em 37,9%, "boa" em 23,3%, "moderada" em 5,8% e "insuficiente" em 1,0% dos casos. Os pacientes indicaram que a autoestima está melhor ou muito melhor (94,2% deles), assim como 90,3% dos consultados aumentaram a frequência de suas atividades físicas, 55,3% melhoraram seus relacionamentos sociais, 79,6% sentem-se mais capazes de trabalhar e 51,4% avaliaram que o interesse por sexo está melhor ou muito melhor.
Segundo a autora, que contou com orientação do professor Lucio Vilar, do Departamento de Medicina Clínica da UFPE, a definição do sucesso do tratamento cirúrgico para a obesidade deve transcender a simples mensuração da curva de peso que, apesar de ser relevante, não abarca todos os fatores que são pertinentes de serem avaliados. "É importante mensurar questões como as condições clínicas associadas e a melhoria da qualidade de vida, também representada pelos aspectos de autoestima, estado físico, condição social, capacidade de trabalho e desempenho sexual", esclarece a pesquisadora Christiane, que é graduada em Enfermagem e em Ciências Biológicas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), na América do Sul, a obesidade é o segundo maior fator de risco para o desenvolvimento de doenças como diabetes, problemas ortopédicos e distúrbios psicológicos. O que muita gente não sabe, de acordo com a autora do trabalho, é que o tratamento da obesidade, na verdade, é feito em várias etapas, a partir de um processo que envolve a aceitação do paciente para a mudança de estilo de vida. "O tratamento cirúrgico só é indicado após o fracasso de tentativas de emagrecimento com métodos conservadores. A cirurgia é realizada após análise de diversos aspectos clínicos realizada por uma equipe multidisciplinar", explica.
O acúmulo excessivo de gordura corporal pode causar forte impacto no aspecto psicológico das pessoas. Por isso, a pesquisadora afirma que é mais recorrente que pessoas obesas tenham distúrbio de imagem corporal, ansiedade, depressão e baixa autoestima. "Nesse sentido, é importante o acompanhamento do profissional de Psicologia, tanto no período pré quanto no pós-operatório, podendo ainda ser necessário o encaminhamento para o profissional de Psiquiatria para tratamento medicamentoso", explica.
METODOLOGIA | A pesquisa foi realizada no Ambulatório de Cirurgia do Hospital das Clínicas da UFPE. Participaram do estudo pacientes submetidos à cirurgia bariátrica que tivessem a partir de 18 anos. Durante a coleta de dados, foi utilizado um questionário que analisou os parâmetros da perda do excesso de peso, a melhora da comorbidades e a melhora da qualidade de vida. A qualidade de vida dos pacientes foi avaliada a partir dos parâmetros da autoestima, disposição para atividade física, relacionamento social, disposição para trabalho e interesse em sexo. Foram analisados os pesos, a altura, o índice de massa corpórea e o excesso do peso de 103 pacientes, de ambos os sexos. Após a cirurgia, os pacientes apresentaram resolução de 70,8% para hipertensão; de 80,7% para diabetes; de 68,8% para dislipidemia e de 90,2% para apneia do sono.
Mesmo com a eficácia do procedimento, a pesquisadora Christiane Castanha identificou a ocorrência de complicações pós-operatórias. "As complicações pós-operatórias dependem também da técnica utilizada. De maneira geral, as mais recorrentes são a Síndrome de Dumping (náuseas, vômitos, rubor, dor abdominal e hipoglicemia), obstrução gástrica, ruptura da linha de grampos, deficiência de micronutrientes, anemia e queda de cabelo", alerta.
Mais informações
Programa de Pós-Graduação em Cirurgia da UFPE
(81) 2126.8519
ppgc@ufpe.br
Christiane Ramos Castanha
zevinilobo@hotmail.com